O Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Cripton Valá, defendeu, no passado dia 26 de junho, na Cidade da Matola, que faz todo sentido as empresas da Província de Maputo apostarem em mecanismos alternativos de financiamento via BVM, por ser mais barato, por dispersar o risco e por contribuir para melhor a governação corporativa.
Neste sentido, Salim Valá apontou o Mercado de Capitais e a Bolsa de Valores como solução fiável e capaz de responder aos desafios de liquidez que parte significativa das empresas que operam no mercado nacional enfrenta.
O Presidente do Conselho de Administração da BVM lançou o repto durante a Conferência Empresarial da Província de Maputo, na qual foi convidado a abordar as “Oportunidades de Financiamento para as empresas da Província de Maputo”.
“O sector bancário é aquele que, sob ponto de vista formal, tem estado a conceder mais crédito à economia. Muitos empresários ainda não recorrem ao Mercado de Capitais nem à Bolsa de Valores, para se financiar. As bolsas de valores são para as empresas, os empresários e os investidores, portanto, temos que fortalecer o Mercado de Capitais. Porque se o Mercado de Capitais não fica dinâmico, vibrante e mais amplo, vai afectar a sustentabilidade de todo o sistema financeiro”, disse Salim Cripton Valá.
No entanto, apesar de a BVM procurar, hoje, assumir-se como alternativa de financiamento à banca tradicional, Valá lembrou que há requisitos basilares que devem ser seguidos pelas empresas para admissão à cotação em bolsa. Nessa esteira, pontificam a boa saúde económica e financeira; contabilidade organizada e contas auditadas; bem como a dispersão accionista (serem sociedades anónimas), que, no entender do PCA, não são negociáveis, pois a Bolsa não é uma instituição que “vende caixas vazias”.
A par do Mercado das Cotações Oficiais (para as grandes empresas e o Estado), a Bolsa de Valores de Moçambique dispõe do Segundo Mercado (para Pequenas e Médias Empresas – criado em 2009) e Terceiro Mercado (de incubação), criado em 2019, para as empresas que não reúnem a totalidade dos requisitos exigidos no Mercado de Cotações Oficiais e no Segundo Mercado.
O dirigente da BVM convidou os empresários do ramo de agro-negócios, turismo, transporte e logística, indústria transformadora, tecnologias e construção a usar os instrumentos financeiros disponíveis na BVM. Para tal, precisam de ter a empresa bem gerida, apostar na transparência, ter um projecto viável e estar no escrutínio público.
Apesar dos sinais de retoma económica, Salim Valá lembrou que as empresas nacionais, com ênfase para as Pequenas e Médias Empresas, vão continuar a ressentir-se dos problemas estruturais e dos choques externos.
“Muitos empresários e investidores, em vários cantos do mundo, quando querem investir em grandes infra-estruturas, equipamentos, novos produtos, usam o Mercado de Capitais, porque é uma perspectiva de médio e longo prazo. O preço do dinheiro é mais barato e é possível dispersar o risco desses investimentos”, sublinhou Valá.
Na ocasião, a BVM e a ACIM rubricaram um Memorando de entendimento, com vista a permitir que as empresas associadas se possam cotar em bolsa, promovendo a melhoria contínua do ambiente de negócios e competitividade da economia nacional, através da provisão de informação financeira e de mercado, para o desenvolvimento sustentável do Mercado de Capitais.
A Conferência Empresarial da Província de Maputo, evento de um dia, foi co-organizada pela Federação Empresarial da Província de Maputo (ACIM) e Bolsa de Valores de Moçambique.