Teve lugar, na quinta-feira passada, 14 de Setembro, em Maputo, o lançamento do “Research sobre Mercado de Capitais”, um relatório de análise de empresas com valores mobiliários cotados na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM).
A cerimónia contou com a presença do Presidente do Conselho de Administração (PCA) de BVM, Salim Cripton Valá, que, na ocasião, destacou ser um instrumento de vital importância para o mercado, por traçar o perfil e desempenho das empresas, e servir de base para a tomada de decisão por parte dos investidores.
“Para nós, foi muito importante esta pesquisa feita por uma empresa, no caso a Finantia, que trouxe uma visão independente sobre a HCB e Tropigalia, comparando com empresas similares de outros quadrantes do mundo. É, para nós, uma oportunidade de diversificar os canais de comunicação com os investidores, com o mercado, com os empresários e o público. Isto permite que o investidor tenha mais informação e, também, promover a educação e inclusão financeira em Moçambique”, disse Salim Valá.
A par de servir de barómetro para os principais players do sector, o documento visa contribuir para o aumento da literacia financeira, sobretudo no que se refere ao funcionamento do Mercado de Capitais.
O relatório centra a sua abordagem na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), uma empresa do sector Empresarial do Estado do ramo energético admitida em bolsa em 2019, que, num passado recente, recorreu ao Mercado de Capitais para se financiar, através de uma Oferta Pública de Venda (OPV) de acções.
Para além da HCB, a Tropigalia foi objecto de análise do estudo. Refira-se que no ano passado a Tropigalia procedeu à venda de três milhões de acções, o equivalente a 10 por cento da sua estrutura acionista, através de uma Oferta Pública de Subscrição (OPS).
Dentre as conclusões, salta à vista o facto de o preço de cada a acção da HCB estar hoje a ser avaliado abaixo daquele que é o seu valor real de mercado, tomando em consideração a actual performance da empresa e as perspectivas futuras.
“A conclusão mais evidente da avaliação da HCB é de que o preço da acção em bolsa não tem reflectido as perspectivas futuras da empresa (baseadas no seu histórico e nas projecções conservadoras dos indicadores financeiros face a esta) nem está em linha com as valorizações de empresas comparáveis, subavaliando o seu real valor”, refere o relatório.
De acordo com o relatório, assumindo premissas verdadeiramente conservadoras, o valor da acção da Hidroeléctrica de Cahora Bassa “nunca deverá ser inferior a 4 meticais”. Recorde-se que, aquando da Oferta Pública de Venda, cada acção da HCB foi vendida a três meticais (3,00 MT).
Reagindo às conclusões do relatório, o Presidente do Conselho de Administração da HCB, Tomás Matola, começou por reconhecer a relevância das constatações patentes no documento, precisamente por reflectirem o quadro actual e, também, por irem de encontro com as preocupações da instituição.
Tomás Matola realçou que, sob ponto de vista operacional e financeiro, a empresa tem estado a apresentar uma excelente performance, uma realidade que contrasta com preço da acção no Mercado de Capitais. Perante este cenário, deixou a garantia de que será levado a cabo um conjunto de acções com vista a reverter o actual panorama.
“Ele foi preciso e identificou aquelas que são as nossas principais preocupações. A empresa tem estado excelente, sob ponto de vista operacional e financeiro. Entretanto, no Mercado de Capitais, a realidade é outra. Pela performance, o valor da acção devia estar acima do par, mas os números têm mostrado exactamente o contrário. Temos o desafio de contrariar esta situação, que desafia todas as teorias dos mercados financeiros”, reiterou Tomás Matola.
O “Research sobre Mercado de Capitais: O Novo Canal de Comunicação com o Mercado e os Investidores” foi elaborado pela Finantia, empresa de consultoria financeira que opera em Moçambique.